quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Vai de Em@il a pior

com: FLORBELA QUEIROZ, PAULO VASCO, CARLOS QUEIROZ, VANESSA, JOANA BAETA, CRISTINA AURÉLIO, DAVID VENTURA, RAQUEL LOURENÇO, JOÃO DUARTE COSTA, ÉLIA GONÇALVES, A COMPANHIA DE DANÇA "TMV", DE MARCO DE CAMILLIS, ORQUESTRA "CARMIM"
Direcção de Ensaios/Encenação: FRANCISCO NICHOLSON, Texto: FRANCISCO NICHOLSON e MÁRIO RAÍNHO, Música: JOSÉ CABELEIRA e PEDRO LIMA, Direcção e Criação de Montagem: MONIZ RIBEIRO, Cenografia: LUÍS FURTADO, Construção Cenográfica: JOSÉ MARTINS, Figurinos: MAGDA CARDOSO, Mestra do Guarda-Roupa: EMÍLIA DE MORAIS, Adereços de Cena e Guarda-Roupa: JOÃO QUINTÃO, Cabeleiras: CARLOS AFONSO, Ensaios Musicais/Orquestrações: CARLOS DIONÍSIO, Direcção/Criação Coreográfica: MARCO DE CAMILLIS

A revista é um tipo de teatro muito particular, uma coisa entre o profissional e o amador, entre a festa de bairro e o espectáculo com ambições de uma Broadway chamada Avenida da Liberdade.
Nesse sentido, Vai de Email a Pior faz jus a todos esses predicados. A mim choca-me sempre um bocadinho a vulgaridade, os exageros, as piadas fáceis e muitas vezes a roçarem o mau gosto… Mas se calhar é disto que o povo gosta. Por outro lado, sendo eu também elemento do povo, também me fascina essa simplicidade e esse despretenciosismo da revista e principalmente desta, que nesse sentido há umas piores que outras. E Nicholson e Mário Raínho estão de parabéns. O texto é sólido e segura bem os actores. São umas horas bem passadas, ah pois que são.
É espectacular ver Florbela Queiroz a regressar a um palco. Há coisas que não se esquecem, que são como andar de bicicleta e a Florbela sabe. Temos o Paulo Vasco, sempre a piscar o olho ao espectador (afinal, não é por causa dele que ali estamos?) e o espectador gosta. Temos a Vanessa que me parece que querem à força fazer dela uma nova Marina Mota e que nos arrepiou a todos naquela sala quando antes nos tinha deixado com um gosto amargo na boca por uma cena menos conseguida que melhoraria muito pela assunção do tom e do exagero dos seus colegas. Ainda destaco João Duarte Costa que mostra talento para o que faz e para o que há-de vir a fazer. Espero que a revista não o estrague com as suas tradiçõezinhas um bocadinho bacocas e que ele faça mais, muito mais, tal como todos eles. O que eu detesto no teatro são as quintinhas, uns que só trabalham com uns e outros que só trabalham com outros. Claro que está a mudar, mas ainda devia mudar mais. Deviamos ser todos multifacetados e não nos deixarmos rotular por este ou aquele tipo de teatro.
Só uma nota: eu sei que a revista tem compêndios de cenas que se introduzem e a ordem das mesmas. Agora: por amor da Santa… Tirem-me a Pandora… O que é aquilo? Não aquece nem arrefece, só chateia. E depois… Aquelas mensagenzinhas demagogas da paz-ita… Não há paciência. Aqueles piscar de olhos para referências da cultura popular parecem-me sempre homenagens de trazer por casa, de quem tem pouca imaginação e poucos recursos. Será mesmo que ninguém sabe que aquela música é a versão do Roxanne dos Police no filme Moulin Rouge? Não há mais nada que se crie para ser preciso ver um tango bem dançado? E eu só penso: Será que o James Cameron sabe? Será que o Baz Lurhman sabe? Será que a ministra da cultura sabe se eles sabem?
Curioso também foi ver a Ministra da Cultura lá. Deve ser a reforçar o seu interesse no Parque Mayer, para reafirmar que não está esquecido, blá blá blá… E de vez em quando olhava para os músicos, curiosa. Nunca se viu num fosso daqueles, pois não?
Revista é isto, é não deixar cair os finais, é tudo em boneco, tudo exagerado. Mas já se sabe ao que vai, qual é a surpresa? É tudo um bocadinho festa de final de curso ou festa de Natal lá do bairro onde o primo faz os vestidos, é tudo um bocadinho espírito de marchas, santos populares e sardinhas, que é tão característico de Lisboa. Goste-se ou não, Lisboa é isto.
João Antunes

8 comentários:

  1. não tive oportunidade de ver o espectáculo... sou das tais que, assumo, tenho "preconceito"... mas é verdade, há que acabar com ele e começar a ver de tudo.
    parabéns pelo texto!

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  2. A revista está bem escrita e tem boas interpretações. A Florbela está ao seu nível, 5 estrelas. o Paulo Vasco não sabe mais do que aquilo. o Carlos Queiroz é um grande "coirão" sem canto nem encanto, a Vanessa não está mal e, vamos ver se não lhe sobe a, fama à cabeça e, destaco, o João Duarte Costa. Com 20 anos apenas tem um futuro brilhante à sua frente.

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  3. Uma revista a não perder...a Vanessa é um grande talento e ainda bem que lhe começam a dar o devido valor. Ela é uma pessoa muito humilde, nunca a fama lhe irá subir à cabeça e isso vê-se pela sua simplicadade.
    Para mim, estão todos de parabéns, mas a Vanessa é a que mais se destaca pela positiva. Uma salva de palmas para a Vanessa!e não esqueçam este nome, que ainda se vai revelar uma grande actriz.

    Marina Mota é a Marina Mota. A Vanessa é a Vanessa e é incomparável.

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  4. "Temos a Vanessa que me parece que querem à força fazer dela uma nova Marina Mota e que nos arrepiou a todos naquela sala quando antes nos tinha deixado com um gosto amargo na boca por uma cena menos conseguida que melhoraria muito pela assunção do tom e do exagero dos seus colegas."


    Ninguem quer fazer da Vanessa uma Marina Mota, para quem esteve atento/a Marina Mota só há uma como se pode observar bem nesta revista existe quem tente imitar e essa pessoa não é certamente a Vanessa.
    O que se vê é quererem dar à Vanessa aquilo que merece o protagonismo que este país teima em não dar e aqui também por preconceito.
    Ah! E para quem não sabe a Vanessa já tem mais de 15 anos de carreira não é por ser segunda figura que a "fama" lhe sobe à cabeça...e se subisse tem talento que chega e sobra para ter peneiras que pelo que já vi não tem, ao contrário de muitas pessoas que andam no meio artistico.

    Quanto à Revista, não é melhor que "agarra que é honesto" em termos de texto, porém em cenários, adereços, roupas, cabeleiras está LINDA, vale a pena ver o regresso de Florbela Queiroz, e concordo com o destaque feito a João Duarte Costa.

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  5. Faço uma ressalva: de longe era minha intenção ofender o talento mais que provado da Vanessa. Acompanho o seu trabalho há algum tempo e se houvesse bolsa de apostas em relação a gente que vai muito longe, apostava e muito na Vanessa. Referia-me só à produção, sem com isso querer beliscar o talento da Vanessa que muito aprecio.

    João Antunes

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  6. parece que neste pais adoram fazer comparações do genero «sera que nasceu uma nova marina mota?» a vanessa merece estar onde esta com o seu mais que tudo talento se ali chegou, se apostaram nela , se o publico gosta porque não há-de a fama lhe subir á cabeça nao vejo mal nenhum nisso como dizemos e com razao o que é bom é para se ver e se a vanessa tem caracteristicas especias que a fazem crescer como actriz, bailarina ou cantora vamos a isso porque não ser uma vedeta de revista que já o é... mantenham-na lá e ponham-na como 1ªfigura... daqui a dois ou mesmo ja para o ano!...

    e as criticas á revista muita gente faz parecidas as suas mas o que é certo é que a revista é capaz de estar durante 8 meses em cena sempre com salas esgotadas! criticam criticam mas acabam sempre por pôr la os pes!

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  7. Só porque há muita gente que gosta sou obrigado a gostar sem reservas? A casa dos segredos na TV deve ser o espectáculo com mais qualidade na televisão portuguesa, não? E enquanto a revista é representada apenas por UM espectáculo em todo o país (pelo menos que se tenha conhecimento) toda a audiência de outro tipo de teatro, comercial ou não, está espalhada por muitas salas do país, certo? E a revista tem uma tradição, um público indeféctivel, que infelizmente, arrisca pouco nas suas idas ao teatro, muitas vezes, infelizmente também com razão. Há que saber lidar com as críticas... É impossível agradar a gregos e a troianos e felizmente que a Revista vive e espero que por muitos e bons anos.

    João Antunes

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  8. concordo com o João Antunes! Amo a Revista à portuguesa e é por amar este género que acho que se deve ir e ter um olhar critíco sobre o que se vê. Há boas e menos boas e só falando sobre isso é que podem melhorar. Viva a Revista quando é verdadeiro espectáculo!!!

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