Ensemble Teatro
Encenação: Carlos Pimenta
Texto: Tom Kempinski
Interpretação: Emília Silvestre e Jorge Pinto
Está em cena, no Carlos Alberto, este "Dueto para um", numa carreira que, é pena, parece que vai ficar por ali. Mas o Ensemble nunca teve vocação de companhia peregrina e raríssimas vezes se deu ao trabalho de tentar sair do perímetro da invicta.
O espectáculo serve bem um texto belíssimo que toca no mais profundo do que é a humanidade, do que nos faz ser Pessoas, com consciência de nós próprios. Em traços gerais assistimos às várias consultas que uma violinista solista e de sucesso tem com um psiquiatra a partir do momento que sabe que sofre de esclerose múltipla e que deixa de poder tocar violino. Assistimos à luta desta mulher em negar os seus sentimentos mais profundos e a entrar num percurso de auto destruição que é aplacado pelo esforço do médico que a acompanha. O fim é aberto. Será que ela encontra a redenção? Será que encontra a paz? De que forma?
As interpretações são brilhantes, a encenação é média, limitando-se a dar voz ao excelente trabalho dos actores. Perde-se demasiado tempo entre entradas e saídas que percorrem sempre o mesmo ritual, só para que depois os actores apareçam com figurinos diferentes. Tanta mudança de roupa faz perder a força da mudança final da violinista, que termina o espectáculo com um vestido de noite que dá imensa energia às palavras do Adeus.
Do cenário: a inutilidade de uma imagem projectada no fundo (que torna a coisa até um bocado pirosa), completamente desnecessária, não acrescenta em nada ao espectáculo. Era uma tentativa da passagem do tempo? Tempo interior? Tempo real? A mim pareceu-me mais uma utilização só porque sim…
O trabalho, no geral, é muito bem executado pela dupla de actores. O texto, trabalhado por uma equipa menos atenta, poderia ter resvalado para algo mais peganhoso, melodramático, mas os actores aguentam bem o registo, com um Jorge Pinto a fazer um contraponto fabuloso para a dor daquela mulher. A Emília Silvestre faz um trabalho perfeitamente equilibrado, mantendo toda as emoções na dose certa, sem nada dar de forma gratuita.
Vale a pena ver! Toca no mais fundo de nós.
Ana Elisa
A Emilia Silvestre é uma grande actriz! Aliás, o Porto tem excelentes actrizes e actores, mas como não fazem novelas os tripeiros são os primeiros a não lhes dar muita importância. Será que a malta do Porto sabe que tem o melhor Teatro Nacional do país? (se bem que a comparação só pode ser feita com o D. Maria II, que é mesmo fraco...
ResponderEliminarJá não está em cena... quem não viu não sabe o que perdeu, bem feita para todos os que ficam colados a ver televisão e não vão ao teatro. Deste espectáculo já não há mais!
ResponderEliminarRita