As gaivotas voam. São livres. Também morrem. Uma gaivota morta a tiro, dentro de um saco, oferecida a Nina. Um símbolo morto. Um símbolo vivo de uma morte anunciada.
A Gaivota, que anda por aí, de Teatro Nacional em Teatro Nacional, em cena e a voar. Com muita água de um lago que se torna omnipresente em toda a cenografia.
O texto é bom, o cenário é bom, os actores são bons (muito bons alguns deles). O espectáculo é não bom. Podia ter ido mais longe. Podia ter voado muito mais e não ter morrido antecipadamente como a gaivota…
O que é que falhou? A encenação era mais petulante do que genuína… a Aurora quase que se sente, ela própria, um pouco petulante em dizer isto…. Especialmente porque não faria melhor… mas também por isso é que a Aurora prefere ser público do que encenadora, prefere amar o teatro de uma forma que lhe dá vida: assistindo a espectáculos. Nem sabe explicar bem o porquê deste juízo sobre a encenação, mas há qualquer coisa de verdade que lhe falta, qualquer coisa cheia de lugares comuns amassados num espectáculo e que perdem a ligação entre eles porque parecem mais colagens do que outra coisa.
O Nuno Cardoso costuma fazer melhor… e é pena, porque actores como os que estão em palco em A Gaivota não se juntam assim tão facilmente. Também não ajudou o engano de idades… porquê em palco três actrizes que podiam fazer Arkadina e só uma com idade para fazer a Nina? E que acabou por fazer a Macha…
Hilariante a cena em que, num baloiço, Arkadina, do alto dos seus 40 anos, se gaba de ainda poder representar papeis de uma jovem de 15, e, mesmo ao lado, num outro baloiço, Nina, que deveria ter uns 20, representada por uma actriz que também parecia ter 40… A Aurora questiona-se se terá sido uma iluminação dramatúrgica… mas inclina-se para que não, pois também noutros papeis a idade real dos actores fazia com que a personagem fosse descredibilizada. Que pena, não é? Mas haverá necessidade de termos uma actriz tão boa a tentar passar por quase criança, aos saltinhos e de chapeuzinho?
Mas a Aurora não quer passar uma visão negativa… gostou mais do que o que não gostou, só ficou com pena… porque o espectáculo podia ser muito melhor. Talvez tenha sido encenado num momento de pouca aurora criativa do Nuno Cardoso. Os figurinos também estiveram ao nível da encenação.
Parabéns aos actores. Parabéns ao cenógrafo.
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