Texto: Peter Cann
Encenação: Naomi Cooke e Steve Jonhstone
Neste último Sábado assisti, em Viseu, à nova produção do teatro do Montemuro. O espectáculo chama-se Belonging e resultado de uma co-produção entre esta companhia e uma companhia inglesa. Pela ficha técnica percebe-se que os créditos para criar o espectáculo foram divididos entre as duas estruturas.
Acompanho o trabalho do Teatro do Montemuro já há alguns anos e sempre fui habituado ao rigor e empenho. Mesmo que alguns espectáculos não tenham sido tanto do meu agrado e de sentir que o trabalho para a infância não é tão bem conseguido (excepção ao Karibó e ao Mãos Grandes), a verdade é que, no geral, é das companhias que mais tenho gosto em acompanhar , que mais me dá alegrias enquanto público e mais momentos inesquecíveis me proporcionou.
Esta foi a vez em que assisti a um espectáculo numa zona mais próxima do local onde estão sediados, normalmente é por terras da capital que os vejo. Mas desta vez, coincidindo com umas pequenas férias, tive oportunidade de os ver em Viseu. O meu espanto é ver que, por esses lados, há menos público para o teatro do Montemuro do que em Lisboa… mas enfim, parece que é mania dos portugueses em dar pouca importância ao que está perto e só gostar do que é de longe… adiante!
O espectáculo está muito bem conseguido ao nível do texto pois, sendo todo interpretado em inglês e português a informação é completa em cada uma das línguas, alguém que só saiba uma delas percebe integralmente o espectáculo e os diálogos são inteligentemente articulados de modo a que a tradução nunca seja directa. O que mais surpreende é que, apesar de aos nossos ouvidos soarem duas línguas, dá a sensação que no palco a linguagem é só uma, tão bem a comunicação verbal entre os actores é feita.
O tema (trafico de crianças) está muito bem abordado, não se percebe logo de inicio que é sobre isso que se vai falar. As personagens vão dando a descobrir os mistérios que se escondem por de trás do negócio de um talhante e por de trás de cada personagem.
As interpretações são um pouco desequilibradas, não por uns serem melhores que outros, mas mais porque os estilos utilizados são diferentes (actrizes inglesas mais “estilizadas”, actores portugueses mais com emoções e coração) e daí resulta uma mistura que, de certa forma, não toca no público.
Cenário e figurinos cumprem e estão ao serviço do espectáculo.
Um grande trunfo do espectáculo é a música ao vivo e a estrutura dramatúrgica baseada em canções que provocam distância e, ao mesmo tempo, aumentam a carga dramática do espectáculo. Um Musical Negro, seria uma forma de qualificar este espectáculo.
Para saber onde o espectáculo vai estar (e aconselho vivamente a que assistam) consultem a agenda em http://www.teatromontemuro.com/
Carlos A. Mendes
vi este espectáculo em Vila Real. Concordo com o que foi dito, mas gostava de frisar que o resultado é mesmo muito positivo.
ResponderEliminarSónia